They try to make me go to rehab and I say no, no, no...
Largou o lanche. Contou até três. Contou de novo até três. Contou até cinco. Contou até três de novo. Dirigiu-se à criatura embriagada que cantava horrendamente uma música qualquer pelo bar (o microfone era sem fio) contando até cinco mais uma vez. Ainda não tinha a certeza de que ia conseguir se controlar para não dar na cara da patricinha. Mas seu lado atriz controlou a situação dizendo, com delicadeza infantil, para o ser oxigenado que achava que estava abafando:
- Devolve o brinquedinho da tia, devolve, meu amor?
Um dos carinhas achava que tinha a voz do Tim Maia. Os outros 19 disseram que sim. Pediram mais vodca. E o Tim Maia quis cantar "Azul da cor do mar" no palco. Certamente, se estivesse sóbrio, não teria se saído mal.
Antes que aquilo virasse uma zona mais escabrosa, a cantora cantou até cinco de novo e reassumiu seu posto. Outros seis subiram ao palco feito chacretes. Ela contou até cinco mais uma vez e buscou, em seu repertório, as músicas mais animadas para aquele povo não parar de dançar - assim os manteria ocupados. E foi um tal de emendar Beatles com Raimundos, com Mamonas, com Glória Gaynor, com Kid Abelha, com Celly Campello, com Jorge Ben, com Roupa Nova...
Eu perguntava "Do you wanna dance?", E te abraçava "Do you wanna dance?"...
A patricinha que roubou seu microfone quis por que quis permanecer no palco, cantando algumas estrofes e alguns refrões. A cantora ficando bêbada só com o bafo de vodca da menina. E rezando para todos os santos e entidades para que aquele MALDITO copo não entornasse em cima das suas partituras e menos ainda em cima do seu equipamento.
Meia hora depois eles pagaram suas comandas, pegaram as chaves do carro e foram para outra balada. E a cantora desejou ardentemente que a polícia os parasse e levasse todo mundo preso numa blitz da lei seca. E, finalmente, terminou seu show e seu lanche.
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