Uma amiga de um amigo foi tocar em um lançamento de um livro. Festa open bar. Uísque importado, cerveja da mais cara, champanhes, vinhos, vodcas... tudo do bom, do melhor e com fartura. Não deu uma hora de festa e 97,5% das pessoas do recinto estava caindo de bêbada (os outros 2,5% eram os músicos que tocariam depois e os garçons). Casa absolutamente abarrotada (diz que tem um rega-bofe de graça pra ver se não lota!), mal se podia andar lá. Esse era o cenário.
O show dessa amiga de um amigo foi um sucesso! O público realmente curtiu o repertório, aplaudiu bastante, pediu bis. Ok, estavam bêbados, mas o importante é que gostaram. Feliz, após terminar seu set, teve que encarar a muvuca etílica para ir até o caixa receber sua paga. Foi um trajeto, digamos, peculiar.
Dois garotos que, provavelmente, tinham acabado de fazer dezoito anos e estavam ainda levemente alcoolizados, disseram que ela era linda, cantava divinamente e merecia um beijinho duplo em cada bochecha. Simpáticos. Quiseram até tentar puxar papo mas, ao virem uma aliança DESSE TAMANHO na mão direita dela elogiaram mais uma vez o repertório, agradeceram a simpatia e a atenção dela, despediram-se e foram procurar quem estivesse a fim de uns beijinhos mais ao centro do rosto.
Esgueirando-se entre a muvuca, um camarada bastante bêbado pediu um selinho. Se ela estivesse fumando, provavelmente, o álcool do bafo, ao encontrar a brasa do cigarro, queimaria seu rosto. Seguiu-se o brilhante diálogo:
- Na boa, cara. Eu tenho namorado!
- Mas ele não tá aqui!
- Mas eu amo meu namorado. Não vou beijar nem você nem ninguém.
- Mas faz de conta que eu sou o Vesgo (do programa Pânico na TV)
Deu uma desculpa qualquer e largou o mala falando sozinho.
Quase em frente ao caixa, perto do balcão, viu uma das garçonetes tentando desesperadamente convencer um sujeito de que não, ele não poderia pegar a garrafa de vodca e beber no gargalo. Com aquele bafo de posto de gasolina, dirigiu-se à musicista:
- Ei, era você que tava tocando! Toca uma pra mim?
- Em primeiro lugar: não vou tocar a primeira porcaria que me aparece na frente. Em segundo lugar: tenho namorado.
- Mentira! Eu sei que você quer me beijar!
- Não cara, na boa, não quero te beijar.
- Então eu vou te morder!
E não é que o imbecil pegou a mão dela e mordeu? Não chegou a machucar, mas não foi muito leve, não! Os amigos o levaram embora antes que o segurança da casa o fizesse. Pediram mil desculpas a ela que, sem acreditar no que aconteceu, disse apenas que tudo indicava que já tinha passado da hora de ele ir para casa.
Conseguiu pegar seu dinheiro e, aos trancos e barrancos, conseguiu sair do barzinho.
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