domingo, 29 de junho de 2008

Cantor ou vocalista?

Acabo de abrir o site do Multishow pra ver quem são os indicados e eis que, quando o abro o link "melhor cantor", deparo-me com essa lista:

- Caetano Veloso
- Chorão (Charlie Brown Jr.)
- Di Ferrero (Nx Zero)
- Dinho Ouro Preto (Capital Inicial)
- Samuel Rosa (Skank)

Pára o mundo que eu quero descer! Já! Agora! Nesse minuto!




Onde está a indicação do ÚNICO cantor acima da média em atividade na mídia do Brasil, o Ney Matogrosso?????????

Num país em que já tivemos Tim Maia, Orlando Silva, Francisco Alves, Cauby Peixoto e Nelson Gonçalves ter que engolir Dinho Ouro Preto, Di Ferrero e Chorão é baixar o nível demais! Se o Caetano tem algum ponto forte, certamente, não é a voz (mesmo porque ninguém agüenta mais ouvir o Caetano falar). E o Samuel Rosa é um ótimo vocalista. Mas não cantor.

Acreditem em mim: vocalista e cantor não são sinônimos. Vocalista é o cara que, por força das circunstâncias, acaba sendo o porta-voz de uma banda ou de suas próprias composições. Ou porque outros intérpretes não se interessaram, ou para trabalhar melhor a imagem e deixá-la mais comercial, ou por fazer questão de expressar suas idéias, seus sentimentos, enfim, milhões de razões são possíveis e até justificáveis para que alguém com vontade, carisma e um pouco de voz assuma o microfone. Sim, o vocalista é perfeitamente capaz de transmitir uma emoção e passar sua mensagem, mas, pra ser um cantor, é preciso mais.

Cantor estuda canto. Cantor é afinado. Cantor tem boa dicção. Cantor tem um timbre belo. Cantor não está em cima do palco abrindo a boca por força das circunstâncias. Cantor tem força artística, tem um quê de magia arrebatadora e inexplicável que atinge, com sua voz, o consciente, o subconsciente e te faz parar, escutar e se deleitar.

Um dos raros exemplos de vocalista que, ao mesmo tempo, era um magnífico cantor, era o Freddie Mercury. Já, por exemplo, o Bono Vox é um grande vocalista - mas não é um cantor. Milton Nascimento é um cantor que compõe. Caetano Veloso, Tom Zé, Lulu Santos, Pepeu Gomes, João Bosco, Arnaldo Antunes, Nando Reis e quejandos são compositores que cantam. Elis Regina foi a maior cantora de todos os tempos. Paula Toller é uma mera vocalista. Amy Winehouse é uma cantora. Madonna é uma performer (outro departamento) e Britney Spears é uma marionete (departamento cada vez mais lotado).

Não existe problema nenhum em ser vocalista. O problema é a confusão dos méritos. Talvez seja uma bobagem pra alguns, mas eu não acho.

Menos mal que o Pedro Mariano não foi indicado! A Maria Rita pelo menos não é picareta.




Paquera de bêbado - introdução

Bêbado é algo chato no sentido mais chato da palavra. Mesmo o mais engraçado dos bêbados, uma hora ou outra, vai ficar chato. Vai passar mal, vai bater no peito ou nas costas de um cara que mal conhece e vai falar "Te considero pra caramba!", vai desfilar sua inconveniência pelo recinto de alguma forma. Todo mundo que já cruzou com um bêbado sabe como é.

Para os músicos, além do "bêbado narrador" de um dos primeiros posts do blog, temos outro tipo de bêbado que estorva até não mais poder: o paquerador. Nenhum músico, aliás, nenhum ser humano em qualquer profissão merece ouvir cantadas estúpidas ao pé do ouvido, sentindo aquele bafo nojento de cachaça.


Oi, gato. Você vem sempre aqui?

As outras profissões têm uma vantagem com relação às providências que se pode tomar quando se ouve uma gracinha desse nível no trabalho. Se, por exemplo, alguma arquiteta, publicitária, gerente de banco, etc. ouvir uma bobagem dita por algum cliente ou colega bêbado, pode até processar o infeliz. Os músicos (e principalmente as musicistas), por sua vez, não têm esse privilégio, apesar da situação ser exatamente a mesma: assédio no recinto de trabalho.

Uma coisa é ser abordada com respeito por alguém que te admirou no palco por alguma razão. Uns querem elogiar sua voz, outros perguntam a marca do violão, outros dão parabéns pelo geral e outros, realmente, querem algo mais. Até aí, nenhum problema: quem é comprometido sai de letra (ou não), quem não é pode querer "conhecer melhor" seu admirador (ou não) e por aí vai. Um casal amigo meu apaixonou-se quando ela o viu tocando baixo com uma banda num barzinho e estão juntos há quase dez anos. Quando o papo acontece com educação está tudo muito bom, está tudo muito bem e o ego agradece.

Mas nem sempre é assim...

domingo, 15 de junho de 2008

5000!!!


E é com muito gosto que anunciamos a belíssima marca de 5.000 visitas ao Barzinho!!

Sintam-se todos vocês muito agradecidos de todo o coração, mas quero citar dois nomes em especial: o dj Raphael Mendes, que sempre dá a maior força publicando alguns tópicos no Bobagento (http://bobagento.com/) e ao cliente mais querido da casa, Neco Vieira (http://www.necovieira.blogspot.com/), presente em praticamente todos os posts com seus comentários e seu carinho!!


Que venham os próximos 5.000!!

Saúde!!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Mais ainda do Raul

Ok, falando sério sobre Raul Seixas agora: segue para os fãs do Maluco Beleza um link do trecho do artigo que meu amigo Luiz, o maior "raulzófilo" do Brasil, escreveu sobre o cara!

http://revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1719

Agora dá pra tocar Raul com muito mais cultura!

Mais do Raul


Mais tirinhas sensacionais em www.vidabesta.org/tiras

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Música e futebol - a parte boa

A seleção brasileira acabou de passar vergonha perante a Venezuela mas, ainda assim, postemos o lado positivo de dividir as atenções com o futebol.

Placar final do amistoso: Brasil 0 x 2 Venezuela

Quem sente o principal benefício é o músico-torcedor que, sem dinheiro para assinar tevê a cabo, tem a oportunidade de ver os jogos do seu time do coração e ainda receber no fim da noite. Conheço uma musicista que vibrava quando marcava show em dia de Libertadores da América, pois assim poderia ver o seu tricolor paulista detonando no gramado (na saudosa época em que o São Paulo detonava no gramado...). Era um olho no público e outro no telão - e, quase que instintivamente, quando o tricolor guardava o seu tento, um grito de "gooooooool" irrompia no meio da música - fosse qual fosse.



Ela sofria quando o jogo era pelo estadual ou brasileirão, pois aí, caso escapasse qualquer manifestação, a torcida rival chiava bonito e a encrenca estava feita.


Times de coração à parte, analisando a situação simplesmente pelo lado profissional, a bola rolando na telinha acaba dando à gig um tempero que, se bem aproveitado, pode trazer o público para seu lado nos momentos de intervalo. Sempre cabem as brincadeiras de que torcida vai cantar mais alto, dar um jeitinho de cantar trechos do hino dos times e sempre é possível fazer piada com Ronaldo Fenômeno. Quando o jogo é do Brasil, ou quando é um jogo que envolve times de outros estados ou países, vale a mesma regra - obviamente, puxando a brasa para apenas um lado.

Pra terminar na base do jargão: a tabelinha músca-futebol, quando acerta a meta, é sem chance para o arqueiro, na gaveta, ali onde a coruja dorme.

Fim de papo no Blog do Barzinho!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Música e futebol - a parte ruim

Dia de jogo é uma faca de dois gumes em vários aspectos para quem toca nos barzinhos do Brasil. Futebol na telinha tanto pode espantar quanto atrair a galera e, dentro deste quadro, vários outros aspectos podem tornar a vida do músico mais fácil ou mais difícil dependendo da circunstância.

Concretizando-se a hipótese de barzinho cheio, mesmo a graninha do couvert estando garantida (o que sempre é muito bom), pode ter certeza de que, na hora do jogo, você há de ser solenemente ignorado. Geralmente, o bar que aproveita o futebol pra atrair a clientela investe no telão e na assinatura dos jogos em pay-per-view (coisa que, vamos combinar, menos de 1% da população do país tem em casa, logo, 'bora pro bar pra ver o jogo tomando um choppinho e sem precisar dar grana extra para a operadora tevê a cabo). Para minimizar a solidão nos 90 minutos de bola rolando, cabe lembrar, nos intervalos, que sua voz é mais agradável que a do Galvão Bueno.



(Bem, amigos da Rrrrrrrrrrrrrrrrrrrede Globo! Falamos ao vivo, em definitivo, do Blog do Barrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrzinho!)

Outro problema que, às vezes, acaba acontecendo, é o encontro de torcidas rivais, com elementos que não sabem perder, nem ganhar, nem empatar... só saber fazer confusão. Já aconteceu de uma banda de amigos ter que parar o show em um barzinho porque um são-paulino provocou e um corintiano quis dar-lhe uma "skolzada" na cabeça. Bebida, ignorância e nervos à flor da pele nunca são uma boa combinação em nenhuma circunstância.


Há também o trânsito no entorno dos estádios onde, eventualmente, ocorrem os jogos. Isso, em São Paulo, significa sair uma hora mais cedo de casa. E, também, na volta, caso o seu horário de saída coincida com o término do jogo, significa vidros fechados, cuidado redobrado... e mais trânsito. Uma amiga de um amigo tocava com sua banda, toda quarta-feira, em um bar e, no caminho, passava na região do estádio do Morumbi. Apesar de são-paulina roxa, morria de medo ao emparelhar sozinha no carro, cheia de equipamentos, por volta da meia-noite, com carros e mais carros com 5, 6 marmanjos cada um, geralmente todos bêbados e gritando que nem uns animais.

No próximo post, o lado bom de combinar o esporte bretão com o clima - e a música - do barzinho.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Crianças, sempre elas!

- Tia, você sabe tocar alguma do Balão Mágico?

O pedido veio de uma piquininha com um baita ursinho Puff nas costas, em forma de mochila. Sapatinho rosa, cabelos castanhos lisos, com franjinha. Um sorrisão no rosto.

Estava com sua família, uma das únicas que estavam no resataurante naquele dia. Não era pra menos: além de estar estupidamente frio, ainda era o último capítulo da novela das oito. E, ainda por cima, na seqüência, haveria jogo da seleção brasileira. Duas instituições desse país em total evidência: novela e futebol. Como um músico poderia competir com isso?

Mas a menininha estava lá, firme e forte, olhando para o rosto surpreso da musicista e esperando a resposta, bem como as cerca de dez pessoas de sua família que estavam à mesa

E a musicista, criança dos anos 80, sentiu-se imensamente feliz em quebrar a rotina de Anas Carolinas, Djavans, Vinícius de Moraes (esse já vem no plural!) e quejandos para fazer todo mundo cantar que "No Balão Mágico o mundo fica bem mais divertido".

(A musicista não resistiu ao sarcasmo de dedicar a frase "Também quero viajar nesse balão" a Padre Adelir)

Foi o melhor encerramento de primeira entrada possível. E, para a segunda, outra surpresa vinda da pequena:

- Tia, você sabe tocar "Carimbador Maluco"?


- Tem certeza de que você não nasceu nos anos 80?

Ela riu e respondeu que, sim, tinha certeza de que tinha menos de 25 anos. Foi convidada pela musicista para cantar o refrão com ela. Mandou muito bem! Aplausos gerais da família coruja - e também de todo o restaurante. Ela era uma gracinha mesmo! E, claro, mandou seu "Toca Raul!" da maneira mais original possível:

- Plunct Plact Zuuuuuuuuuum! Não vai a lugar nenhum!