segunda-feira, 26 de maio de 2008

A epopéia do cachê

- Podem ficar sossegados que, antes do feriado, o dinheiro estará na conta de vocês!
E não é que tinha sido um showzaço? Tudo bem público da casa foi 100 % levado pela banda (ou seja, nenhum cliente da casa) e, embora tivessem dito para os músicos levarem o equipamento completo, a banda deparou-se, misteriosamente, com várias e várias caixas de som.

- Ué! Mas vocês não disseram que a casa não tinha equipamento nenhum?
- Essas caixas de som não são pros músicos das bandas usarem, não! - respondeu secamente um dos barmans.
(Bom... vai que os cupins querem fazer uma rave quando não tem ninguém olhando né? Afinal, pra que mais serviria uma caixa de som se não for para os músicos usarem?)

Menos mal que, após uma leve insistência, conseguiu-se que a água não fosse descontada da comanda do músico. Mas, parodiando Paula Toller na música que encerrou o show em total apoteose, deixando as contas, no fim das contas o que interessou foi o sucesso absoluto da apresentação.



O show tinha acontecido no sábado e o feriado seria na quinta. Nenhum problema para nós: no mais tardar até quarta já estaríamos com mais uma graninha (mixuruca, porém sempre bem-vinda) na conta pra curtir o feriadão mais tranqüilamente. Em três dias úteis daria e sobraria tempo para efetuar o depósito.

Segunda: nada. Terça: nada. Quarta: nada.
E o feriado ficou um pouquinho mais azedo para os integrantes da banda.

No dia seguinte ao feriado, a ligação do dono do bar para o baixista:

- Putz, cara, mil perdões! Ficamos com uns problemas aqui e não deu tempo de eu fazer o depósito de vocês! Segunda-feira sem falta eu deposito, ok?
Ok, né? Fazer o que...
Segunda: nada. Terça: nada.

Quarta-feira, após várias tentativas, localizamos o dono da casa. Mais desculpas e mais uma promessa:

- Quinta-feira sem falta!

Quinta: nada. Sexta: nada.

Mais uma proposta por telefone:

- Vocês querem passar aqui pra pegar o dinheiro sexta ou sábado, na hora em que a casa fechar (ou seja, depois das 5:00) ou esperar para que eu deposite segunda sem falta?

Claro que ninguém, em sã consciência, vai sair de sua casa numa sexta ou sábado às cinco da matina para pegar receber um cachê, não? Mas aquilo já tinha ido longe demais...

Sábado, 4:00: a vocalista, e o guitarrista estavam na estrada para São Paulo, depois de um show em um barzinho de outra cidade.

Sábado, 5:00: vocalista e guitarrista passam na casa do baterista. Seguem todos no mesmo carro rumo ao estabelecimento do caloteiro.

Sábado, 5:30: a vocalista desce do carro e pergunta com toda a educação e um doce sorriso nos lábios para o segurança:

- Por favor, o senhor Fulano está?

- Está sim. Está la em cima no escritório.

- Então... eu preciso falar com ele a respeito do cachê da banda que tocou aqui há duas semanas...

- Desculpe, eu me enganei. Ele não está.

Aí o bicho pegou...


Ameça daqui, xinga de lá, clientes sem entender nada. Se não fosse por bem, seria por mal, pois os músicos já haviam checado que não havia outra saída na casa e, uma hora, o caloteiro ia passar por ali.

Sábado, 6:15: Os músicos conferem nota por nota do dinheiro e assinam o recibo.

Fim da epopéia.


Epílogo: na terça seguinte, ao passar em frente ao bar, um integrante da banda viu uma enorme placa de "Vende-se". Se tivesse deixado para "segunda-feira, sem falta!", a banda não teria visto a cor da grana...

Um comentário:

Neco Vieira disse...

HAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHA


POST SENSACIONAL... PERFEITO.. MARAVILHOSOOOOO


AMEII OS MACACOS, CÃOZINHOO....E O FIM DA HISTÓRIA...

ushusahsuahsa


e... agora, que a venda seja bem sucedida.;..


asuhasuhasas


amei£

até mais.

Obrigado por existir Tia.