segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Chão de Giz por Vânia Valerie (pronuncia-se "Valerrí)

Olá, amados demônios!

Sou Vânia Valerie (pronuncia-se Valerrí) e, a partir de hoje, farei análise das letras dos maiores sucessos do Barzinho. Vamos falar de Zé Ramalho, Djavan, Carlinhos Brown e demais ostras que produzem as mais famosas pérolas poéticas que inundam os "répi áuors" da vida, ok?


Vamos começar com a clássica, a inesquecível, a sempre pedida "Chão de Giz", do bardo Zé Ramalho. Observem bem:

"Eu desço dessa solidão, espalho coisas sobre um chão de giz. Há meros devaneios tolos a me torturar! Fotografias recortadas em jornais de folhas, amiúde. Eu vou te jogar num pano de guardar confete! Eu vou te jogar num pano de guardar confete!

Que tipo de porco guarda confetes de carnaval num PANO? Convenhamos que confete é uma praga: às vezes, no almoço do dia das mães, você encontra um deles dentro de um sapato ou da mochila. Até aí, tudo bem. Agora, guardar confetes num pano? Não serve um saco, uma caixa, uma lata? E mais: que tipo de crime alguém deve cometer para receber como penitência ser jogado num pano de guardar confete? Algo não muito suave, pois quem já levou uma "confetada" de alguma criança (de idade ou de cabeça) sabe que isso sufoca uma barbaridade, a porcaria do confete gruda na garganta! E outra: de que tamanho que é esse raio de pano? Ou o eu-lírico estaria nervosinho e compara a pequenez de seu desafeto a um mísero confete? Seja como for, é porco.



Espalho balas de canhão. É inútil, pois existe um grão-vizir.


"Espalho coisas sobe um chão de giz". Mais para frente temos a revelação de que são, especificamente, balas de canhão. Mas o que o grão-vizir tem a ver com isso? Será que ele se cansou de lutar com o Príncipe da Pérsia no joguinho que eu tinha no meu saudoso 386? Mesmo assim, ele lutava com espada... que interesse o levaria a querer balas de canhão - ainda por cima imundas, uma vez que estavam espalhadas sobre um chão de giz?

Há tantas violetas velhas sem um colibri! Queria usar, quem sabe... uma camisa de força ou de Vênus...


A essa altura da música, a criatura, que já emporcalhou o mundo com giz, recortes de jornal, balas de canhão e confetes (será que o cara vai ter a manha de recolher de volta os confetes que jogou no chão de giz pra colocar no pano de novo?), reconhece que é louco e depois quer uma camisinha. Ah, francamente! Quem quer transar com uma coisa porca dessas! E é desnecessário dizer que, pelo andar da carruagem, a camisinha, depois de usada, vai ser jogada no chão de giz também. Sem falar das violetas velhas, que nada têm a ver com o giz, nem com as balas de canhão, nem com os recortes, nem com os confetes, muito menos com o grão-vizir. E, com certeza, quando essas violetas morrerem vão ser mais um item no chão de giz.

...mas não vou me sujar fumando apenas um cigarro, nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom.

E, depois de toda essa porcaria, vai dizer que não vai se sujar fumando apenas um cigarro? O que são umas míseras cinzas e um toco perto de toda a sujeira que essa criatura já deixou? Não contente, vai regular beijo pra não gastar batom! Nem eu, que sou muquirana e odeio gastar, faço uma coisa dessas! Hum, pensando bem, se forem os de chocolate até faz sentido!


Agora pego um caminhão, na lona, vou a nocaute outra vez.

Bom, então vamos tentar esquecer o lixo acumulado e pegar uma carona. Opa! Tem uma luta de boxe no caminhão! Porque eu me recuso a acreditar que é um trocadilho de "estar na lona, ser nocauteado" com a lona do caminhão. Terminantemente!


Pra sempre fui acorrentado em seu calcanhar

E o que é que o caminhão ou o Maguila têm a ver com "estar acorrentado no calcanhar de alguém"? Como se acorrenta alguém a um calcanhar???? Já ser acorrentado pelo tornozelo, mas pra fazer isso no calcanhar, no mínimo, tem que colocar um piercing de cada lado pra amarrar algo - e, como nesse caso é uma pessoa que está acorrentada no calcanhar de outra, tem que ser um cadeado de cada lado do pé. Que tortura! Não é mais fácil e indolor só pisar em alguém sem acorrentar ao calcanhar?

Meus vinte anos de boy, that's over, baby! (Freud explica). Mas não vou me sujar fumando apenas um cigarro, nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom. Quanto ao pano dos confetes, já passou meu carnaval... e isso explica porque o sexo é assunto popular!



Depois de falar de batom, temos a reveleção de que é um "boy"... e chegamos à única frase da música que faz sentido: "Freud explica". E mais uma vez a boneca regula batom, regula cigarro... e fala da porcaria do pano dos confetes de novo. Se já passou o carnaval, por que ainda a criatura guarda o pano dos confetes? E DESDE QUANDO ISSO EXPLICA POR QUE O SEXO É ASSUNTO POPULAR????

No mais, estou indo embora."
Vai pela sombra!


Enfim, amados demônios de Tia Vânia, seria "Chão de giz" uma daquelas piadas em que a gente lê pulando uma linha para entender o verdadeiro sentido? Seria um hino com mensagens codificadas da antiga esquerda? Uma homenagem a Pedro e Bino? Um apelo do Greenpeace para denunciar a extinção dos colibris? Ou uma música que NINGUÉM entende, mas todo mundo diz "Oh! Essa é bonita!"?

No mais, Vânia Valerie (pronuncia-se Valerrí) fecha seu diário de bordo, toma seus florais de Bach e some do mapa até a próxima análise.

Um comentário:

Neco Vieira disse...

Não, nem amigo nem demônio!

Confesso que análise de letras não é algo que gosto, sou letrista, eu componho, uso meu EU LÍRICO pra dar ação as coisas, mas só eu sei, não quero uma idéia deturpada do que eu ou meu eu lírico quis passar...Não gosto que me peçam que eu exlique minhas letras, mas quando o máximo eu explico algo..


Beijo Gi, amo você tia !