sábado, 5 de janeiro de 2008

Férias?

Sim, eu tentei! Já que passaria quase uma semana na praia (a contragosto), achei que seria um tempo de férias totais do barzinho. Férias são bem-vindas e, muitas vezes, mais uma questão de necessidade do que luxo. Dando um tempo no repertório e na rotina, na volta, a gente acaba retornando com mais pique e até com uma certa saudade do que, antes, parecia que tinha virado tortura. Estava eu, então, lendo tranqüilamente e estava começando a bater aquele soninho gostoso quando escuto uma voz masculina, acompanhando-se ao violão (a todo volume) cantando:

- E eu não sei paraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaar de te olhaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaar... não sei paraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaar... de te olhar...



Mesmo tendo certeza do que iria ver quando abrisse a janela, não queria acreditar. Mas fui certificar-me da origem daquele som tão absurdamente familiar do qual eu não queria chegar perto naquela semana:

- Eu mereço! Abriu um barzinho na esquina!

Ouvi um "toca Raul!" ainda sóbrio. Eram cerca de nove da noite. O som seguiu com uma boa qualidade (o músico era muito bom) e um volume altíssimo até cerca de duas e meia, três da manhã. Trabalho puxado, com poucos e curtos intervalos. Acabei ouvindo o show inteiro (não dava pra não ouvir) e só não gostei de uma seqüência meio bizarra de "Volare" com "Praieiro" (!!!!). Também tentei tapar os ouvidos a todo custo quando começou uma seqüência de Ira!, mas aí a culpa não foi, de modo algum, do músico - eu é que detesto essa banda. Principalmente a música do "um metro e sessenta e cinco de sol". Existem formas bem mais inteligentes de homenagear uma mulher baixinha a quem se ama... mas isso não vem ao caso.

No dia seguinte, conversei com a dona do lugar, perguntando se não dava pra abaixar um pouquinho o volume do som. Bastante solícita, ela me contou que, muitas vezes, ficava no pé do músico pedindo pra abaixar e, quando virava as costas, o cara sentava o dedo no botão de volume. Sei que ela não mentiu - ou por falta de retorno adequado, ou por pura teimosia, o pessoal faz isso mesmo. Soube, também, que a paga era por entrada (em outras palavras, uma merreca, pois o bar era pequeno). Muita gente aproveitava para sentar-se no quiosque em frente, tomando uma cervejinha mais barata e curtindo o som do mesmo jeito - e vi alguns até pedindo músicas! Ou seja: o público pagante era só uma pequena parcela do público total pois, querendo ou não, além do pessoal do calçadão, no mínimo dois prédios (entre eles, onde eu estava) ouviam perfeitamente tudo o que era executado. E, como todos sabem, no fim/ começo de ano, a praia é um lugar bastante lotado.

Depois das três, com um relativo silêncio quebrado freqüentemente por criaturas ouvindo funk carioca no último volume em seus carros, conseguia pegar no sono. Caramba! Meu trabalho me persegue!

PS: Esse macaquinho é tudoooooooo!!! Diz aí!!!




Um comentário:

Neco Vieira disse...

E quem disse que a música[ tanto a boa quanto a ruim] dá sossego a quem foi picado pelo bixinho da musica?

Não tem volta.. se bobiar.. o músico tem música até em seu funeral.