segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Corporativismo

Já estava na hora de arrumar algo que desse a estabilidade que a música nunca tinha conseguido oferecer. Às vezes tem ótimos trabalhos, às vezes não; algumas vezes excelentes cachês, noutras uma mixaria. A marca dos 30 se aproximando e a água batendo na bunda.

Conseguiu uma entrevista numa empresa. Surpreendentemente, estava tranqüila. Foi muito bem em todas as etapas. Um dos entrevistadores disse:

- Talvez você não encontre o ambiente com o qual você está acostumada. Você vai ter que se manter motivada e fazer o possível pra contagiar as pessoas - mesmo quando parecer que essas pessoas estiverem meio contra você. Dentro de um mesmo grupo, você vai ter que lidar com opiniões muito diferentes, sempre vai ter aquele que não vai trabalhar direito, que vai destoar do objetivo principal... e você vai ter que estar preparada para lidar com isso, tendo que focar um objetivo e fazer de tudo para atingi-lo e fazer com que o grupo também o atinja. Vai ter que lidar com pessoas, às vezes, meio estúpidas, meio despreparadas, que vão te colocar no limite. Isso é um ambiente empresarial... você acha que está emocionalmente preparada para isso?

Muito tranqüilamente, ela respondeu:

- Se o senhor não tivesse dito que essa é a descrição de um ambiente corporativo, diria sem pensar duas vezes que estávamos falando da experiência de ter uma banda tocando em barzinhos! Ou, talvez, um grupo de teatro. Não só estou emocionalmente preparada, como digo que isso já é parte da minha rotina de trabalho. Motivação, objetividade, contagiar pessoas, lidar com diferenças... o que pode ser mais relevante para um profissional da arte?

- Meus parabéns. A vaga é sua.




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