terça-feira, 4 de novembro de 2008

Gringos... e bêbados

Tocar para pessoas de outro país é sempre uma experiência ótima. Impressionante como até hoje, em nossos tempos de internet, o pessoal vem pra cá achando que vai encontrar ruas cheias de macacos, árvores e índios! Romantismo? Excesso de Simpsons? Tapadice? Não faço idéia... mas não deixo de ver essa vontade deles de ter uma "tropical experience" com uma certa ternura.
Por "tropical experience"entenda-se natureza exuberante, caipirinha, "boussa-nouva", "semba" e bundas grandes. Ah! E Carmem Miranda também.



"Com tanto brasileiro por aí metido a bamba... sucesso no estrangeiro ainda é Carmem Miranda" - Rita Lee


Uma amiga de um amigo costuma fazer várias apresentações para gringos em eventos e barzinhos. Sempre dá um jeito de levar um chocalho e tenta ensiná-los a acompanhar um sambinha de leve. Apenas um alemão conseguiu manter um rítmo razoável (embora estivesse consideravelmente bêbado). Geralmente, parece que eles levam um choque ao segurar o chocalho e sacodem como se fosse uma garrafa de champanhe... e eles mesmos acabam rindo do próprio "mico tropical".

Falando em "consideravelmente bêbado", é notório que a relação que os gringos têm com a bebida é diferente da relação do brasileiro. Para encurtar razões, via de regram, gringo bebe, mas bebe MUITO mais do que o brasileiro - especialmente os europeus.


Uma vez, uns amigos foram tocar em um evento em um hotel chiquérrimo. Mulheres de longo, homens de terno e gravata, repertório ensaiadíssimo, tudo muito elegante.


Lotação do hotel esgotada e 90% dos hóspedes são - adivinhem - gringos. Gente de toda a América Latina, muita gente da Europa, gente dos EUA, Austrália, Japão... enfim, gringos pra todo lado, de todas as etnias, raças, credos e cores... mas com uma coisa em comum: todos ENCHENDO A CARA de caipirinha, vodca, conhaque e outros destilados.

O Piano Bar já estava um pandemônio quando meus amigos chegaram. Gente gritando em várias línguas (algumas já incompreensíveis), gente tropeçando em total contraste com a costumeira sobriedade (até exagerada) do lugar em outras ocasiões. Eles, músicos experientes, montam seu equipamento numa boa, rindo para um ou outra criatura que chega perto deles cambaleante, com um copo na mão e fala;


- Capirenha, semba, Brazil!!!!




Um outro disse, sem cerimônia:


- I love bundas!!!




E assim por diante. Eis que começa o show. Garota de Ipanema, Desafinado, Corcovado, Águas de Março, O barquinho... e o povo gritando, aplaudindo e bebendo.


Aí chegou a hora dos sambas: Foi um rio que passou em minha vida, Quem te viu, quem te vê, o bêbado e a equilibrista... todos em uma versão mais acelerada, bem viva, bem vibrante. E eis que de repente, não mais que de reprente, um grupo relativamente grande se levanta, pega suas cadeiras, colocam-nas no meio do piano bar... e começam a brincar de "dança da cadeira". Um outro subiu na mesa. Um outro caiu no meio do bar. A banda anunciou um intervalo.

Os gerentes, com muito jeitinho, um a um, foram acalmando os ânimos do povo na conversa.

Depois dizem que maloca é coisa só de brasileiro...





Tá aí minha cantora predileta da atualidade que não me deixa mentir!

2 comentários:

Kiliano disse...

kkkkkk!! esses gringos xD

Giovana Vincenzi disse...

Cara, ninguém merece!

Mas tem um lado bom: quando eles estão sóbrios, costumam dar uma caixinha para o músico!! :oD